Recentemente ao ler uma entrevista que citava com propriedade inúmeros desportistas e médicos do Brasil, deparei-me com uma situação no mínimo inusitada.
Uma afirmativa entre estas sumidades era consensual: “ A fisioterapia brasileira é uma das melhores do mundo”.
Não havia até o presente momento pensado nesta situação, afinal que diferença faria ser o Brasil o local onde a fisioterapia é realizada com maior propriedade no mundo?
Poderia de fato, ter sido uma afirmação a esmo e falada por grandes nacionalistas sem qualquer teor ou embasamento teórico-científico.
Mas cá entre nós, em nosso país nos degladiamos com outras profissões em busca do espaço há muito alcançado. Lutamos constantemente para embasar nossa terapêutica. Lidamos diariamente com a descrença e por muitas vezes o escárnio de alguns colegas da área da saúde. Seja em qualquer área onde a fisioterapia se faça presente, sempre parece haver uma barreira intransponível diante de nossos olhos.
Entretanto, diante destas dificuldades inerentes ao dia-a-dia de nossa profissão, nos tornamos mais fortes, mais profissionais e quem sabe mais coesos enquanto entidade ou classe.
Diferente de outros países onde a fisioterapia é um curso técnico e coadjuvante ao atendimento médico, aqui gozamos de autonomia plena para exercermos nossas profissões.
Ao longo dos anos, temos alcançado vitórias que nos garantem certa credibilidade junto a mídia nacional e internacional. A nossa parca tecnologia nos forçou sobremaneira a encontrar formas variadas de lidar com problemas rotineiros seja pela falta de material ou pela falta de capacitação.
Sim, de fato nos tornamos mais fortes e maduros enquanto profissão.
Dentro da fisioterapia desportiva nos tornamos sumidades. Reabilitamos com qualidade e propriedade. Na fisioterapia intensiva, demonstramos através de nossa capacitação que imperioso é o fato de termos um espaço cada dia mais relevante na recuperação dos enfermos mais graves. Na fisioterapia oncológica, prática extremamente recente, a busca pela qualidade de vida nos torna eminentes.
Concluindo, pouco na verdade importa se somos de fato a melhor fisioterapia do mundo, isto é irrelevante. O que realmente interessa é o quanto somos imprescindíveis para o nosso cliente, suas história e sua consideração pelos nossos feitos.
Que não percamos nossa constante capacidade de adaptação às dificuldades a nós apresentada, que não deixemos de lado nosso ideal de nos fazermos presentes em toda e qualquer área da saúde. Que não percamos jamais nossa terna humildade de saber que o caminho a ser percorrido é duro e que exige de cada um de nós, fisioterapeutas, a excelência e o profissionalismo extremos.
Daniel Xavier
Mestre em fisioterapia neuromuscular
Mestre em fisioterapia intensiva